sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cinzas de 'Nebraska' levam magia ao Oscar


Entre os concorrentes ao Oscar 2014 divulgados nesta quinta-feira, no páreo para brigar por uma estatueta no dia 2 de março, foi incluído “um filme mágico”. Essa foi a alcunha dada a "Nebraska", de Alexander Payne, no Festival de Cannes, onde, em maio do ano passado, fez sua estreia mundial, arrebatando o prêmio de melhor ator, dado a Bruce Dern. Ele está indicado ao prêmio da Academia de Artes e Cinematográficas de Hollywood, onde o longa-metragem, ainda sem data de estreia confirmada no Brasil, concorre também nas categorias filme, diretor, atriz coadjuvante (June Squibb), fotografia e roteiro original. Fazendo da simplicidade sua matéria-prima, a nova dramédia do diretor de "Os descendentes" (2011) tem a grandeza que um ganhador de estatuetas douradas precisa e deve ter. Sua exibição em Cannes comoveu os dois mil espectadores da maior sala do Palais de Festivals. Foi risada para todo lado, aplauso durante a projeção e fungadas de choro no final. Os oscarizados serão conhecidos no dia 2 de março.

- De uma certa forma, esta é uma jornada alma adentro pelo espírito americano, em seu momento de desilusão com os contratempos financeiros – explicou payne ao COMPADRE CINEMA na Croisette.

Filmado em preto e branco, com uma direção fotográfica deslumbrante de Phedon Papamichael, "Nebraska" é um road movie pontuado por piadas sobre a crise econômica dos EUA e o desemprego por ela causado. Na trama, escrita por Bob Nelson, o alcoólatra septuagenário Woody (Bruce Dern) recebe um cupom publicitário dizendo que ganhou US$ 1 milhão, que serão dele desde que ele vá a uma outra cidade buscar a grana. Para desespero de sua mulher Kate (June Squibb, numa atuação deliciosamente divertida), Woody sai pelas estradas andando bêbado como um gambá para ir atrás de seus prêmio. Eis que seu filho mais jovem David (Will Ford) entra na história e decide conduzir o pai numa viagem pelas estradas americanas. A cada parente ou amigo de Woody que entrava em cena, uma gargalhada corria por Cannes.

- Eu penso a comédia sempre em alusão ao que foi feito no gênero na era muda do cinema, quando o movimento dos atores era indispensável para transmitir uuma gag. O preto e branco nunca abandonou as experiências mais autorais da fotografia, nem do cinema, vide “Manhattan”, de Woody Allen, ou “Touro indomável”, de Scorsese – disse Payne, que trabalhou com a filha de Bruce, Laura Dern, em seu primeiro longa de sucesso, “Ruth em questão” (1996).   

Em “Nebraska”, Bruce Dern fala pouco mas atravessa todos os 110 minutos do filme com uma expressão quase caricata de assombro, que produz risos instantaneamente. E conforme a relação entre pai e filho vai se estreitando, os clichês da trama vão se enfraquecendo e a doçura vai reinando. Habilidoso na direção como poucos cineastas da comédia conetmporânea, Payne conduz sua narrativa preocupado em organizar sua linguagem cinematográfica com o máximo de clareza e realismo como no grande cinema americano nos anos 1970.



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