terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As confissões de Matheus Souza numa largada de sucesso

Visto por 263.400 pagantes em seu fim de semana de estreia, “Confissões de adolescente” confirmou, na telona, uma vocação para o sucesso popular que já vinha de sua gênese teatral, como peça de Maria Mariana, e de série de TV. Foi o próprio diretor do seriado, o midas Daniel Filho, quem assina como realizador a adaptação cinematográfica, em parceria com Chris D’Amato. Mas o roteiro do longa foi trabalhado por um dos cineastas mais talentosos da nova geração: Matheus Souza, que dirigiu “Apenas o fim” (2008). A pedido do COMPADRE CINEMA, Souza escreveu um artigo acerca da experiência de verter em forma de filme um marco da dramaturgia jovem no Brasil.   
Com vocês... Matheus Souza:  
"Lado negativo de ser o escolhido para adaptar um texto famoso e querido pelo público: fãs xiitas da versão anterior vão sempre reclamar que o original era melhor (em uma obra para jovens, especialmente, um fã pode até afirmar que sua “adolescência foi arruinada”).
Lado positivo de ser o escolhido para adaptar um texto famoso e querido pelo público: quase ninguém sabe quem é o roteirista, vão acabar culpando outra pessoa.
O 'Confissões' era uma obra complicada de adaptar. Apesar de recente, já se trata de uma produção de época (assim como o próprio filme será em alguns anos). O aspecto óbvio dessa complicação é a tecnologia, claro. Na série dos anos 90 não tinha Internet e celular, dois fatores fundamentais da vida jovem hoje. Mas não é só isso. O mundo pop infanto-juvenil passou por uma grande virada nos anos 2000 (se estiver de bobeira, leia a frase em voz alta, ela rima).
Em 2001 foi lançado 'Shrek' e as coisas mudaram. De repente, as princesas não esperavam mais seus príncipes em castelos indefesas. Elas lutavam, tinham personalidade, atitude e humor. E, ainda por cima, se apaixonavam por um ogros feios e gordos com problemas de amadurecimento. O padrão pegou e os homens foram ficando cada vez mais frágeis na cultura pop ('The Big Bang Theory', comédias de Judd Apatow etc) e as mulheres mais poderosas e livres ('Jogos Vorazes', 'Missão Madrinha de Casamento' etc).
Além disso, 'Shrek' era engraçado e atraente para todos os públicos. Não subestimava a inteligência dos mais novos e ainda servia de bom entretenimento para os adultos. E essa é a fórmula básica que separou os sucessos dos fracassos na década. Aqui no Brasil até a Turma da Mônica precisou se renovar para emplacar com a nova geração.
Então esse foi o meu lema ao trazer o 'Confissões de Adolescente' para os “novos tempos”: Manter a essência do original (primeiras experiências na vida de um jovem), mas me dando a liberdade de mudar o que fosse necessário para tornar o filme tão pertinente e real quanto a série foi no seu retrato de uma época".

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